A agroindústria gera uma quantidade massiva de perdas e desperdícios agroalimentares que poderiam ser transformados em diversos produtos de alto valor agregado e impulsionar a bioeconomia circular no Brasil. Essa é a conclusão do estudo “O nexus alimentos-materiais: bioplásticos de próxima geração e materiais avançados de resíduos agroalimentares”, realizado por pesquisadores da Embrapa, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e de instituições da Finlândia, Áustria e Canadá.
Atualmente, parte dos resíduos agroalimentares (ou FLW, na sigla em inglês para food loss and waste) é reaproveitada para aplicações de baixo valor agregado, como alimentação para o gado. Contudo, é possível utilizá-los para a produção de materiais avançados, com potencial de aplicação em dispositivos biomédicos, sensores, atuadores e dispositivos de conversão e armazenamento de energia.
O descarte de resíduos agroalimentares representa o desperdício de recursos como água, trabalho e energia usados para produzir alimentos. A sua reutilização seria uma maneira de economizar esses recursos e utilizá-los de forma mais racional. Também evita a emissão de gases de efeito estufa (GEE) que ocorre quando são descartados em lixões e aterros.
O Brasil produz cerca de 37 milhões de toneladas de lixo orgânico anualmente, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Apenas 1% disso é reaproveitado, o que evidencia o potencial desperdiçado da bioeconomia circular para uma economia verde.
Um dos principais usos dos FLW seria a fabricação de bioplásticos, alternativas sustentáveis aos tradicionais plásticos de uso único. Os quais poderiam ser aproveitados para fabricar, por exemplo, filmes comestíveis à base de frutas, hortaliças e legumes para embalar pizzas e sushis, entre outros produtos.
Apesar de promissores, ainda há barreiras para o uso de materiais fabricados a base de resíduos agroalimentares. Como o custo de processamento e o baixo desempenho, quando comparado a materiais convencionais. Esse é um desafio que deve ser superado com o avanço de pesquisas científicas aplicadas na área.
Com informações da Embrapa.
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