Os Sistemas Orgânicos representam um dos caminhos para proporcionar sustentabilidade ao campo
Ao lado da bioeconomia da floresta e das agroflorestas regenerativas, a agricultura orgânica faz parte do tripé defendido pelo Agroreset para tornar o agronegócio sustentável e posicionar o Brasil como protagonista do desenvolvimento sustentável. Entenda o que isso significa.
O que é agricultura orgânica?
Também conhecida como Sistemas Orgânicos, é uma evolução da agricultura tradicional. Isso no sentido de que está comprometida com a sanidade da produção de alimentos, a saúde do consumidor, a conservação e resiliência do solo e a restauração e manutenção da biodiversidade.
A definição de agricultura orgânica surgiu entre os anos de 1925 e 1930 quando o botânico inglês Albert Howard alertou para a importância de se utilizar matéria orgânica para a preservação do solo.
Sua principal diferença para a agricultura tradicional é a ausência do uso de agrotóxicos e de fertilizantes químicos. Em vez disso, utiliza fertilizantes naturais, adubo orgânico, além do manejo da vegetação nativa, rotatividade de culturas, uso racional de água, entre outras técnicas que proporcionam sustentabilidade à produção e tornam o solo resiliente, não esgotando os seus recursos.
Houve uma explosão dessa forma de plantio nos Estados Unidos a partir de 1970. No Brasil, ela começou a ser praticada na década de 80 e, nos últimos anos, tem ganhado mais popularidade, devido à preocupação dos consumidores com a sua saúde e com a preservação da natureza.
O meio do caminho entre a agricultura tradicional e as agroflorestas
A agricultura orgânica não chega a revolucionar a maneira de se produzir alimentos e segue, em linhas gerais, a mesma lógica da agricultura tradicional. O seu grande diferencial é adotar técnicas sustentáveis que conservam o ativo do solo, tornando-o resiliente. Assim sendo, são o meio do caminho entre o agro tradicional e as agroflorestas regenerativas.
A agricultura orgânica possui dois pontos em comum com a agricultura tradicional:
1. Adotam a monocultura para a produção de alimentos;
2. Requerem defensores agrícolas e fertilizantes, com a diferença de que o agro orgânico opta por opções naturais, mais saudáveis e não poluentes
Por outro lado, possui um ponto em comum com as agroflorestas regenerativas que é a preservação do solo pelo uso de substâncias orgânicas para a nutrição das plantas.
Sistemas orgânicos Vs. agricultura tradicional
Entenda, de forma resumida, as principais diferenças entre os dois métodos.
Características | Agricultura tradicional | Sistemas orgânicos |
Preparo de Solo | Aração e gradagens (movimentação de solo é grande e intensiva) | Busca-se o menor revolvimento do solo possível |
Adubação | Adubos químicos altamente solúveis | Uso de adubos orgânicos |
Controle de pragas e doenças | Produtos químicos (inseticidas e fungicidas) | Medidas preventivas e produtos naturais |
Controle de ervas | Controle químico com herbicidas | O controle preventivo, manual e mecânico |
Principais desafios da agricultura orgânica
Entender os desafios também significa compreender as oportunidades para esse setor. Cada desafio e dificuldade representa um nicho para quem desenvolve soluções inovadoras.
Escala e preço
Esse é o grande desafio. Nos sistemas orgânicos, as produções costumam ser menores do que na agricultura tradicional. Além de dificultar a escala, esse fato eleva o custo final do produto, que pode ser até 40% mais caro do que os não-orgânicos.
Falta de fornecedores
A demanda por orgânicos atualmente é alta, mas a oferta ainda é baixa. Principalmente a de alimentos orgânicos processados, pois nem todos os consumidores querem produtos in natura.
Falta de informação
Ainda se informam pouco os benefícios da produção sem agrotóxicos e com a adoção de técnicas de cultivo sustentáveis. Uma comunicação eficiente da qualidade dos sistemas orgânicos pode ajudar a gerar mais demanda e, também, com que empreendedores desenvolvam soluções para escalar o setor.
Foto: organicosdopivas no VisualHunt