Plataforma online permitirá que produtores rurais negociem serviços ambientais com compradores públicos e privados
Resumo
- Programa do ministério da Agricultura australiano irá remunerar produtores rurais por projetos que gerem créditos de carbono e biodiversidade por meio do plantio de vegetação nativa;
- Créditos também poderão ser negociados com empresas privadas;
- O Agriculture Biodiversity Stewardship Package é o primeiro programa do mundo a remunerar fazendeiros tanto por créditos de carbono quanto de biodiversidade em uma mesma propriedade.
A nova política climática agrícola do governo australiano planeja criar um mercado aberto de créditos de carbono e biodiversidade dentro do próximo ano. O Agriculture Biodiversity Stewardship Package possibilitará negociar créditos lastreados em ganhos ambientais e compensações de carbono por meio de uma plataforma online que conectará fazendeiros ao mercado privado. Eles poderão, por exemplo, ganhar créditos de biodiversidade ao plantar cinturões de árvores e arbustos em suas propriedades com espécies nativas.
O governo australiano já financia projetos de sequestro de carbono por meio do Emissions Reduction Fund, que não teve grande adoção pelos fazendeiros. Ao incluir os pagamentos por biodiversidade, espera-se que o novo programa se torne mais atrativo. Será o primeiro do mundo a remunerar produtores rurais por ambos os serviços na mesma propriedade.
“Ele [o programa] criará um fluxo de renda passiva para os nossos produtores que os protegerá da seca e os remunerará pela sua gestão ambiental”, afirmou o ministro da Agricultura australiano, David Littleproud.
Inicialmente, o governo pagará pelos serviços de biodiversidade, mas espera que empresas privadas comprem créditos de carbono gerados pelos projetos. E que isso gere mais oportunidades para que fazendeiros vendam serviços ambientais a compradores públicos e privados.
Segundo o Professor Andrew Macintosh, líder da equipe da Australian National University que é consultora do programa: “acredito que podemos criar uma plataforma no próximo ano similar a uma bolsa de valores, em que os serviços oferecidos pelos fazendeiros são verificados pelo governo, mas negociados diretamente entre eles e empresas”.
Para viabilizar o programa, o governo comprometeu a investir 32 milhões de dólares australianos para desenvolver a plataforma. Esse valor é parte de uma política agrícola que totaliza 230 milhões, dos quais 100 milhões serão usados para convencer fazendeiros a medir a saúde do solo de suas propriedades e a participar dos fundos de redução de emissões.
Um projeto piloto permitirá verificar a adesão de produtores agrícolas ao programa, bem como os ganhos ambientais ao longo do tempo. Se esses ganhos forem comprovados, o programa poderá ser expandido e servir de inspiração para projetos semelhantes em outras partes do mundo.
Com informações do The Sidney Morning Herald.