Agtechs tornam o agro mais ESG (entrevista com Francisco Jardim)

Inovações das startups do agro resultam em sustentabilidade e uma cadeia de valor mais justa, defende CEO da SP Ventures

A tecnologia e modelos inovadores de negócios têm papel fundamental no avanço do agro para um padrão ESG, sustentável e regenerativo. Pensando nisso, agroRESET entrevistou Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, fundo de investimentos que apoia startups com soluções tecnológicas para o agro – as agtechs –  na América Latina. Jardim abordou como as agtechs e o ESG estão intrinsecamente conectados.

Leia abaixo trechos da entrevista ou assista ela completa ao final desta matéria.

ESG é central na atuação das agtechs

A tese ESG sempre esteve no agtech. Se olharmos o que é o ganho de produtividade e eficiência no agro, a gente pode ver que é uma intersecção quase perfeita com a tese de ESG”, diz Jardim.

No pilar ambiental, as inovações tecnológicas das agtechs permitem produzir mais alimentos em menos área plantada e com práticas sustentáveis. Assim proporcionam segurança alimentar e combatem as mudanças climáticas devido à redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Também otimizam o uso de recursos hídricos e reduzem o uso de insumos químicos ou mesmo os substituem totalmente por tecnologias, como acontece com os insumos biológicos.

No pilar social, as agtechs apoiam o produtor agrícola, que é o maior empreendedor do agro e também aquele que assume o maior risco. Entretanto, frequentemente enfrenta escassez de fluxo de caixa e a maior parte da rentabilidade da cadeia produtiva fica com as indústrias e as tradings.

“Quando a gente fala de agtech, por definição, a gente está trazendo transparência, encurtando cadeias e aumentando a rentabilidade que fica com o produtor rural. Criando uma cadeia da agricultura mais justa”, conclui.

Futuro do agro deve ser tecnológico e sustentável

Ainda falando sobre ESG e o agro, Jardim afirma que “a gente [SP Ventures] acredita em uma agricultura nova, mais justa e mais sustentável.”

Tomando como gancho a guerra entre Rússia e Ucrânia, que causou uma escassez global de fertilizantes químicos, Jardim defende que o Brasil não deve apenas investir na produção nacional de NPK e de outros fertilizantes tradicionais que têm origem em petróleo.

Além disso, um caminho mais sustentável seria investir em insumos biológicos. Além de serem renováveis, o Brasil detém 80% da biodiversidade mundial e pode ser líder nesse tipo de tecnologia.

Combate ao desmatamento

Não é possível abordar a sustentabilidade no agro sem falar em combate ao desmatamento.

“O desmatamento é a maior ameaça existencial do nosso agronegócio. Primeiro porque contribui para a mudança climática, que é a maior variável de risco do agro. Segundo, porque gera um dano reputacional para o nosso agro legal que fecha acesso a mercados”, diz Jardim.

A visão da SP Ventures está alinhada à do agroRESET. Deve ser do interesse do produtor conservar o ambiente e combater o desmatamento. Sem os serviços ambientais proporcionados pelos biomas preservados não pode existir o agronegócio

Um exemplo disso é a importância dos rios voadores, que se originam na Amazônia e são responsáveis por metade das chuvas que irrigam as lavouras na região centro-sul, onde se concentra cerca de 70% do PIB agrícola do país.

Do ponto de vista de mercado, o agro brasileiro alimenta cerca de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. É um negócio global que depende de acesso a mercados exteriores, como Oriente Médio, Ásia, Europa e Estados Unidos.

Em um mundo que busca cada vez mais a produção sustentável e de baixo carbono, mirando um padrão ESG, a reputação de país desmatador faz o Brasil perder mercados e contratos.

Mercado de carbono

Outro tema abordado na entrevista foi como as reservas legais das propriedades rurais podem gerar receita por meio de projetos de bioeconomia e Pagamentos de Serviços Ambientais (PSA). Com destaque para o mercado de créditos de carbono.

Nesse sentido, Jardim afirma que:

“O Brasil poderia ser a Arábia Saudita do carbono. O que a Arábia Saudita é para o petróleo, a gente pode ser para o carbono, pelo que a gente tem de potencial, tanto na floresta amazônica quanto no agro”.

O mercado de carbono é uma forma de remunerar o produtor rural por preservar a reserva legal, que deixa de ser um passivo para se tornar um ativo. E, em alguns casos, talvez até mais rentável do que a área produtiva de sua propriedade.

A criação de um mercado de carbono sólido brasileiro tem avançado e o Brasil não pode perder a oportunidade de ser líder neste setor.

Esses e outros assuntos foram abordados por Francisco Jardim. Assista a entrevista completa no vídeo abaixo.

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